Curso sobre a população em situação de rua conclui parte presencial com encontro em centro de atendimento

Participantes do curso ouviram os relatos de pessoas que vivem nas ruas
Crédito da foto: Secom JFAL
As dificuldades e anseios de quem vive na rua, em quesitos como segurança e saúde. Os olhares de desconfiança da sociedade em relação àqueles que clamam por ajuda. A falta de amparo dos órgãos oficiais, até mesmo para resolver problemas simples. Estes foram alguns dos pontos abordados no encerramento do curso “Formação Regional sobre a Política Nacional Judicial de Atenção às Pessoas em Situação de Rua e suas Interseccionalidades”, na tarde da última sexta-feira, 17. A Casa de Ranquines, instituição localizada no Centro de Maceió e ligada à Igreja Católica, serviu como ponto de encontro de pessoas em situação de rua que são atendidas no local e os participantes da formação.
Na conclusão do curso, parte das pessoas atendidas pela Casa de Ranquines expuseram seus relatos e aproveitaram para expor suas dores e dilemas vividos por quem, muitas vezes, são obrigados a viver sem um lar. “Eu, por exemplo, sou vítima de discriminação por ser uma pessoa LGBT. Fui levada a ter a rua como moradia. Não foi uma opção, como muitos podem achar.”, relata Gil Monteiro.
Relatos foram feitos em roda de conversa com os participantes do curso
Crédito da foto: Secom JFAL
Natural do Rio de Janeiro, Marcos era caminhoneiro e confessa o envolvimento com drogas, o que resultou na perda de absolutamente todos os seus bens. “Por isso, cumpri pena e, ao sair, não tinha um local para morar, pois meus pais faleceram e não consegui voltar para o Rio de Janeiro”, relata. A coordenadora da Casa de Ranquines, Fabiana Costa, confirma as dificuldades enfrentadas pelo público atendido no local e reforça a necessidade de mais apoio. “E ressalto o quanto o apoio da Justiça Federal em Alagoas é importante, especialmente a partir do Mutirão PopRua”, destaca ela, numa referência ao atendimento realizado pela JFAL em maio, na Praça Deodoro, quando houve um número alto de atendimentos para diversos serviços.
Juiz federal Antônio José considera a iniciativa como "uma vivência única"
Crédito da foto: Secom JFAL
O juiz federal Antônio José destaca a importância da formação. “Essa vivência é única, pois é feita por quem sofre a realidade das ruas e contribui para o julgador conhecer melhor o contexto de quem está no cotidiano das ruas, no momento em que ele recebe um processo relacionado a esse público”, avalia.
O curso é uma promoção da Escola da Magistratura Federal da 5ª região (Esmafe5) e reúne magistrados e servidores de diferentes repartições do Sistema de Justiça. Conduzida pelo juiz federal da JFAL, Antônio José de Carvalho, pelo juiz federal do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), Vladimir Vitovsky e pelo juiz de direito no Tribunal de Justiça do Estado do Pará, Fábio Póvoa, a formação tem a parte à distância (EaD) e presencial. O curso contou com a participação de magistrados e servidores do Tribunal Regional do Trabalho (TRT); membros do Ministério Público Estadual (MPE); do Ministério Público Federal (MPF); Tribunal de Justiça (TJ/AL); da Justiça Federal (de Alagoas e outros estados da 5ª região), do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE/AL); Defensoria Pública da União (DPU) e do Estado (DPE).
