Cuidando de quem cuida: roda de conversa explora as dores de familiares de pessoas com câncer

A necessidade de refletir sobre a dor e a aceitação, diante de casos de câncer na família, foi tema da roda de conversa intitulada “Cuidando de Quem Cuida”. Organizado pela Seção de Psicologia da Justiça Federal em Alagoas (JFAL) na tarde desta quarta-feira, 2, o momento de diálogo foi conduzido pela psicóloga Camila Carnaúba. Ela levantou questões especialmente voltadas para familiares de pessoas com a doença. O encontro, no miniauditório da instituição, proporcionou uma troca de ideias e sentimentos de pessoas que estão passando por um momento tão delicado como esse, ainda mais se estiverem em posição de cuidador.

O cuidado com quem foi diagnosticado com câncer é inevitável. Porém, muitas vezes esquecemos do cuidado com quem cuida, como explica a psicóloga Camila Carnaúba. “É muito importante lembrar que quem cuida precisa estar bem. Muitas vezes, quem está assumindo um papel de cuidador acaba esquecendo de garantir um momento de lazer ou de descanso. O tempo de descontração é essencial. Mesmo que não haja vontade, é imprescindível que os cuidadores possam separar um tempo para olhar para si mesmo”, reforça a profissional.

Os erros cometidos contra a própria saúde mental são vários, entre aquelas pessoas que estão cuidando de alguém doente. “Existem três tipos de cuidadores que não pedem ajuda: aquele que só pede quando realmente se encontra em uma situação muito difícil; aquele que não pede ajuda por considerar ser de responsabilidade de quem está ao redor ajudá-lo e aquele que não busca apoio porque teme ficar longe da pessoa enferma”, complementa a psicóloga. Um dos principais pontos de destaque na roda de conversa foi também o de que o cuidador é um paciente esquecido, já que não é visto e, muitas vezes, tem o seu sofrimento esquecido.

A iniciativa da roda de conversa na JFAL surgiu a partir do setor de Psicologia do órgão, que identificou a necessidade de trazer o tema para discussão. “Nós sentimos aqui, na própria instituição, o aumento da demanda para casos como esse, de pessoas que cuidam de parentes com câncer. A ideia de realizar a conversa em grupo sobre uma dor que não é vista, foi justamente para gerar uma identificação entre os participantes”, justifica Andressa Vale, estagiária de Psicologia. A roda de conversa também é muito válida no âmbito profissional, já que servidores mentalmente saudáveis produzem mais. “O sofrimento, ou momento de tristeza que alguém esteja passando, pode causar um rebaixamento da atenção e produtividade. A ação também acontece sendo pensada nessa perspectiva”, esclarece a psicóloga da JFAL, Vilma Victal.

A roda de conversa serviu para o compartilhamento de histórias e experiências e, acima de tudo, reunir palavras de força entre os que ali carregavam uma bagagem parecida. “Eu e minha família já cuidamos do meu avô quando ele foi diagnosticado com câncer. Acredito que uma palavra de força que define o que passamos é ‘resistência’. Todos nós tivemos que nos manter unidos por ele. Inclusive, muitas vezes, parecíamos estar mais tristes que ele mesmo. Hoje, felizmente, ele está bem”, relata a estagiária participante do encontro, Pâmela Pedrosa. O setor de Psicologia, com ações semelhantes, reforça o compromisso com a saúde mental de todos os magistrados, servidores, estagiários e terceirizados.