Na Semana de Acessibilidade nova etapa do Projeto Vozes será sobre pessoas com autismo
A quinta edição do Projeto “Vozes: narrativas sociais e diálogos com o Sistema de Justiça” fará parte da Semana da Acessibilidade da Justiça Federal em Alagoas. Por esse motivo, o tema será a luta e os desafios enfrentados pelas famílias de pessoas com autismo (TEA). O evento acontece no dia 23 de setembro, às 14h, no auditório da instituição federal, na Serraria. O encontro dará ênfase às vivências das chamadas mães e pais atípicos de crianças, adolescentes e adultos com níveis de suporte frequente e extensivo. Os níveis de suporte são determinantes no diagnóstico do autismo para entender as necessidades e particularidades de cada pessoa diagnosticada com o espectro.
Com o objetivo de ouvir os relatos e compreender as realidades vividas pelas famílias atípicas, os juízes federais Antônio José de Carvalho Araújo e Felini de Oliveira Wanderley, visitaram a Associação de Pais e Amigos do Autista (Assista), nesta terça-feira, 6. “No mês de setembro, o Projeto enfatiza a importância de se falar sobre o autismo porque muitos o veem, mas poucos entendem a dinâmica das famílias atípicas. Então, é de extrema relevância entendermos como é essa vivência”, explica o juiz Felini Wanderley.
O juiz federal Antônio Araújo acrescenta que, apesar do conhecimento do autismo, é necessário avançar mais. “A Justiça Federal possui muitos profissionais capacitados. No entanto, é necessário que nossa educação vá além desse viés. Nós, enquanto instituição, temos que entender a realidade destas famílias, para maior compreensão de nossa parte e prestação do nosso serviço de forma empática para este público”, acrescenta o magistrado.
Desafios
Durante este primeiro momento, os juízes praticaram a escuta empática junto às famílias e discutiram questões que as envolvem na criação de uma pessoa com TEA. A pedagoga e mãe atípica Adriana Paixão fala sobre as dificuldades enfrentadas socialmente pelas pessoas com autismo e sobre a insuficiência na concessão de benefícios.
“Além de toda a discriminação e preconceito vividos, é necessário que façamos um recorte social. Existe uma diferença muito grande entre pessoas com autismo que são pobres, e pessoas com autismo que são ricas. É algo que deve ser observado, porque aqueles que possuem mais acessos, conseguirão se desenvolver melhor, e as pessoas neurotípicas não se atentam para isso. Tem um custo muito alto manter uma criança com autismo. Muitas vezes o benefício não cobre estas despesas”, declara. Neurotípica é a pessoa que apresenta um funcionamento cerebral que se enquadra nas expectativas culturais predominantes.
A presidente da Assista, Josimeire Sales, explica que a assistência prestada pela instituição atende cerca de 200 pessoas semanalmente, de forma individual. São crianças, adolescentes e adultos atendidos por quatro equipes compostas por terapeutas ocupacionais, educadores físicos, psicólogos, fisioterapeutas, pedagogos e fonoaudiólogos.
“Nós temos convênio com a Secretaria de Saúde e recebemos doações, mas estes recursos ainda são insuficientes para a manutenção da nossa associação, tendo em vista nossa demanda atual. Além das 200 pessoas que já fazem acompanhamento conosco, ainda temos outras 200 em uma lista de espera, que aguardam disponibilidade para atendimento”, completa.
Durante a visita, os magistrados conheceram as instalações da instituição e houve a produção de um vídeo documental, que será exibido na abertura do evento Vozes, no dia 23 de setembro. Para a Semana de Acessibilidade da JFAL serão realizadas atividades que visam oferecer maior visibilidade ao público com deficiência, com exposição fotográfica, palestras e cursos.